Ciência Viva
Comunidade escolar atenta à importância de conservar a biodiversidade da Ria de Aveiro
A importância e urgência de conservar as zonas húmidas, em risco a nível mundial, e de preservar a sua biodiversidade, destacando o exemplo paradigmático da Ria de Aveiro, foi o tema de uma sessão na Biblioteca da Escola Básica e Secundária Dr. Jaime Magalhães Lima, a 24 de maio. Rosa Pinho, curadora do Herbário do Departamento de Biologia da Universidade de Aveiro, orientou esta visita guiada, na forma de palavras e imagens, perante alunos e seus familiares, professores e outros interessados.
O evento, intitulado “A importância das zonas húmidas – o exemplo da Ria de Aveiro”, decorreu no âmbito do Clube de Ciência Viva na Escola, em parceria com a Universidade de Aveiro e em articulação com o projeto Eco-Escolas.
A relevância desta área em termos de valores naturais e biodiversidade é reconhecida pelos diversos estatutos de natureza atribuídos, onde se destaca a classificação de Zona de Proteção Especial (ZPE), ao abrigo da Diretiva (europeia) Aves, e vários Sítios de Importância Comunitária (SIC) incluídos nesta vasta zona húmida. Entre estas zonas com estatuto de proteção incluídas no vasto ecossistema de aproximadamente 11.000 hectares – a Ria de Aveiro -, destaca-se a Reserva Natural das Dunas de São Jacinto. A Ria é considerada uma das formações geológicas mais importantes e de elevado valor conservacionista no panorama nacional e internacional.
No resumo da sessão, explica-se: “As zonas húmidas constituem ecossistemas de importância capital, não só porque se encontram ameaçadas, mas igualmente porque desempenham funções de grande relevância, proporcionam recursos para um grande número de interesses humanos e representam um valioso património cultural e natural. A Ria de Aveiro constitui um dos mais notáveis acidentes geográficos da nossa costa continental e é também uma das mais extensas zonas húmidas portuguesas. A biodiversidade desta inestimável zona húmida, reconhecida pelos diversos estatutos que lhe foram atribuídos, mostra-nos a necessidade de valorizar, conservar e promover de forma sustentável tão importante património natural.”
Neste vasto ecossistema, Rosa Pinho salientou pela sua importância, as salinas ou marinhas, as pradarias marinhas, o sapal, o sistema dunar e o Baixo Vouga Lagunar que inclui parcelas agrícolas delimitadas por sebes vivas. Aves limícolas, como o perna-longa e o borrelho-de-coleira-interrompida, nidificam nas marinhas. A Andorinha-do-mar-anã e a Garça-vermelha também nidificam na Ria.
Entre as ameaças, a curadora do Herbário referiu as dragagens e as ações relacionadas com a atividade portuária que têm levando à progressão da água salgada, uso de pesticidas e adubos que levam à eutrofização e a proliferação de espécies invasoras, como o caso de espécies arbóreas do género Acácia, ou o Jacinto-de-água, apenas citando alguns exemplos.
Em paralelo, de 23 de maio a 3 de junho, nos espaços de acesso à Biblioteca da Escola, esteve patente a exposição “A flora singular das dunas e sapal”, com fotos de Lísia Lopes, membro da equipa do Herbário da Universidade de Aveiro.

